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Luto - o fiel escudeiro


Enquanto escrevia sobre a morte no anterior texto, fez-me sentido separar o luto pois este é um tema paralelo à morte, não são uma e a mesma coisa, são diferentes e complementam-se para proporcionar uma adaptação à perda física de uma pessoa/ente querido, animal de estimação ou relação. O luto é uma emoção que toca a todos, independentemente da idade, raça, sexo ou cultura. Durante o processo de luto é comum e normal que sintamos tristeza, vazio ou mágoa, causado pela perda de uma pessoa, animal de estimação ou relacionamento querido. O luto é uma reação natural a essas perdas e expressa-se de diversas formas. No cerne do luto estão sentimentos de confusão, desamparo, desespero, raiva e tristeza. Esses sentimentos são expressos através de comportamentos como suspirar, chorar, afastar-se das pessoas e evitar situações que repercutam a perda podendo levar a uma sensação de desconexão psicológica, seja de nós mesmos ou do mundo.


É comum vivenciar emoções de culpa e arrependimento, que podem criar uma narrativa de culpa própria e também ficarmos preocupados com a pessoa que perdemos, ou lamentar a ausência do relacionamento e o seu impacto na vida quotidiana. Mudanças físicas podem acompanhar o luto, como tensão e dores físicas, fadiga e mudanças nos padrões de alimentação e sono. Algumas pessoas também podem sentir dormência emocional, apatia e dificuldade de concentração. Esses sintomas geralmente desaparecem com o tempo, mas se permanecerem graves, podem se tornar um sinal de luto patológico, se assim for, devemos de procurar ajuda especializada para superar este impasse emocional. O luto é individual e único, portanto, as experiências de duas pessoas não serão iguais. A cultura, as crenças, as circunstâncias e a idiossincrasia de uma pessoa podem afetar a maneira como ela a vivencia.


O luto não tem linha do tempo. Pode durar dias, meses e até anos. Para alguns, o processo de luto inclui compartilhar memórias com familiares e amigos, conversar com um psicólogo colocando os pensamentos em perspetiva ou anotar memórias e pensamentos para que estes façam sentido ajudando assim o processo de luto. Algumas pessoas podem querer evitar ou reprimir a sua dor, o que pode impedir o processo de cura. Em última análise, entender e honrar essas emoções, mesmo que sejam desconfortáveis, é muito útil para nos ajustarmos à vida após uma perda. O luto é uma experiência universal e é algo que é experienciado de maneira diferente por todos. Não é um sinal de fraqueza, mas sim uma resposta natural a qualquer tipo de perda. Com autocuidado e apoio emocional, a dor pode ser suportada e trabalhada até um ponto de aceitação. A Dona Vida e a Dona Morte são fundamentais na vida humana, uma não é melhor do que outra porque não podemos comparar inevitabilidades quando ativamos diferentes emoções e lidamos de forma diferente com ambas.

Em suma, espero que este texto te ajude a lidar com este tema da forma mais natural possível, isto é, sentir dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. O luto é a prova de amor pela pessoa, objeto ou relação perdida e não existe superação da perda sem a experiência de luto e não ser capaz de vivenciar o luto é ser incapaz de viver novamente.


Cumprimentos psi!


PS: se estás num estado de luto e sentes dificuldade a superar ou conheces alguém nessa situação, procura ajuda ou ajuda a procurarem, a fuga destes temas é um problema para a mente humana.
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