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A falsa sensação de socialização.


Era de manhã, ele (vou usar sempre ele, mas significa o Humano) acabava de acordar, coloca os pés fora da cama depois de uns minutos de “ronha” na cama, faz a meditação do Bom Dia (Reiki) e segue para a casa de banho onde faz a sua higiene matinal. Depois segue para o seu pequeno-almoço, tranquilo como se fosse mais um dia normal, come, lê algumas notícias num qualquer ecrã e fica mesmo feliz por estar a aproveitar a manhã. Quando pensa no trabalho, lembra-se de falar com pessoas pessoalmente, de olhar nos olhos, de sentir o cheiro do perfume, ler o comportamento não-verbal, enfim, uma série de coisas somente possíveis com contacto humano presencial. Pensa no trabalho e vai trabalhar, desta feita em tele-trabalho pois foi decretado que teria de ser assim pelo factor protector de saúde publica. Sente que lhe falta algo, confiante prossegue o seu trabalho que tanto “teleadora”, que mais pode fazer? Poder até pode, mas a sua conduta altruísta não o permite e assim prefere esse cenário do que não fazer nada. Não fazer nada já é fazer alguma coisa, contudo, isso não assola a Mente dele, está convicto que o caminho é por ali porque assim lhe disseram.


Isolado em casa ou sozinho, ele pensa que a tecnologia o aproxima dos demais, não tem alternativa e como bom português diz algo como «tem de ser, não é?», o que dá um certo acalmar daquela revolta interna humana de não poder estar com ninguém pessoalmente, como é comum, ou era. Ele quer socializar e lembra-se de fazer uma video-chamada a um amigo ou amiga, fala, vê a pessoa e no fim, apesar de ter «matado» as saudades, falta algo, falta aquela parte humana que ele tanto valoriza, «como assim não posso ir ver pessoas?», pensou. Automaticamente, o seu cérebro envia a informação de que fez o possível, «socializou» dentro daquilo que lhe é permitido, pelo menos moralmente, civicamente, como bom cidadão. A meio da tarde, vai fazer «tele-exercício», pega numas aulas online e siga, tem de mexer as ossadas, sabendo do bem que lhe faz para liberta más energias e endorfinas, ele sabe que lhe faz bem, e tem aquela falsa sensação de «socialização» com quem fez as aulas. Já de noite chega o «tele-amor», uma vez mais, afastado de quem ama, mas – como disse antes - «tem de ser, não é?», faz o que lhe dá uma sensação de proximidade, de relação humana, sempre através de ecrãs e com aquela falta de algo humano, fica sempre a faltar algo.


Olha para o seu dia e diz: «fiz tanta coisa hoje, senti que produzi ou contribui para isso, ajudei, falei com pessoas, exercitei o meu corpo e Mente, estou mesmo com a sensação de que socializei, só que não, isto não é socializar, isto é tudo menos isso.»

Foi para a cama, na esperança – pode-se tirar tudo ao Homem, menos a esperança – de que o amanhã lhe traria um dia nem melhor nem pior, mas sim, diferente, um dia em que ele pudesse, de facto, socializar.


PS: aqui entre nós, o que lhe falta, a este Ser Humano é o toque, o abraço, sentir o outro, olhar para o outro, olhos nos olhos, resumindo, Ser Humano. Dai a falsa sensação de «socialização».


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Ontem eu era inteligente, então queria mudar o mundo. Hoje eu sou sábio, então estou a mudar-me, a mim mesmo.
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